sábado, 28 de agosto de 2010

A TV CULTURA NÃO PODE ACABAR.

Queridos(as) Leitores(as).

Vocês já devem estar sabendo o que a equipe técnica do governo do estado de São Paulo pretende fazer com a nossa TV Cultura. Alegando problemas relativos à pouca audiência, querem nos tirar a única possibilidade, no meio televisivo, de encontrarmos programas que vão além da mesmice, que instigam a nossa inteligência e imaginação. Anexo aqui uma carta da Maria Rita Kehl, publicada no jornal o Estado de S.Paulo. Vamos reagir, botar a boca no trombone.


Um dia a massa há de provar do biscoito fino que fabrico. (Oswald de Andrade)
Que pena. Cada vez que me decido a escrever uma crônica mais leve nesta coluna (não ouso dizer literária. Bem, já disse), o sentimento do mundo me pega não como a doce melancolia do poeta, mas como um paralelepípedo na testa. Não sou capaz de recusar o debate público. Deve ser um sintoma grave, desses que não têm cura depois de certa idade.
Desta vez, a acalorada discussão em torno do projeto de desmanche da TV Cultura me pegou pela cabeça e pelo coração. O economista João Sayad é um homem público respeitável. Conseguiu botar em ordem as finanças da Prefeitura de São Paulo depois da calamitosa gestão Celso Pitta. O ministro Fernando Haddad contou que foi em conversa com ele que surgiu o projeto dos CEUs, oásis de cultura e sociabilidade a quebrar a aridez da vida nos bairros mais pobres da cidade. João Sayad não precisa de prestígio. Já tem.
Por isso não entendo o que o levou a assumir a presidência de um empreendimento que ele não conhece, não parece interessado em conhecer e, acima de tudo, evidentemente não gosta. Até o momento não li nem ouvi falar de nenhuma proposta criativa de Sayad para a TV Cultura. Nenhum novo projeto de programa, de modificação na grade, nenhum novo conceito sobre o papel da única tevê pública de canal aberto do Estado mais rico do Brasil. Tudo o que se sabe é que o economista veio para cortar gastos. Demitir três quartos dos funcionários! Impossível imaginar que a Fundação abrigasse 1.400 empregados inúteis. Tal enxugamento da folha de pagamentos visa a exterminar o quê? A própria programação.
Pontes e viadutos
Tudo leva a crer que Sayad não tinha ideia do que a TV Cultura já fez e ainda faz; em reunião interna demonstrou desconhecer até mesmo um diretor da importância do Fernando Faro, embora não haja sinais de que vá interromper o melhor programa musical do País, que além do mais se tornou um arquivo vivo da memória da música brasileira. Fora isso, terá vindo apenas para encolher os gastos da emissora, com a fúria de um exterminador do futuro? Não haverá argumento que o convença da importância de usar dinheiro público para a experimentação, a invenção e a aposta em programas de qualidade, diferenciados da mesmice das emissoras comerciais?
As primeiras notícias falam em venda dos estúdios e dos equipamentos, demissões em massa e redução da TV Cultura a um pequeno e mesquinho balcão de compra de enlatados. Faz tempo que uma decisão política não me causava tristeza tão grande.
Sendo a economia de verba sua única proposta, gostaria de saber qual o destino de todo o dinheiro que ele haverá, sem dúvida, de poupar com o encolhimento da Cultura. Que se revejam as contas da emissora para eliminar possíveis desperdícios e inoperâncias, vá lá. Mas por que um Estado rico como o nosso precisa ser tão mesquinho nos gastos com sua TV pública?
Uma Secretaria (infelizmente entregue a outro homem que não gosta disso) que pode manter a Osesp para usufruto da elite paulista, que pode construir um luxuoso Teatro da Dança, outro da Ópera, para a mesma elite – não pode manter uma TV experimental para um público, não necessariamente elitista, mas pequeno?
O argumento é que ela é irrelevante em termos de Ibope. Então, tá. Quantos milhões de telespectadores são necessários na planilha do atual gestor para justificar a existência de uma emissora que funciona como laboratório de programas ligados à cultura brasileira e internacional, e que conta com um público muitas vezes mais numeroso do que o que cabe na Sala São Paulo? Não escrevo isto para criticar a Osesp. Que floresçam mil Osesps pelo Estado, pelo País. Uma só Osesp é mais progressista do que todas as pontes e viadutos que um governo possa construir. Faço a comparação para mostrar o absurdo de se desmontar, com argumentos de planilha, uma televisão pública que utiliza sua verba para oferecer biscoito fino à massa.
Princípio operante
Escolho, para terminar, o triste exemplo de um programa que já foi extinto pela atual direção: Manos e Minas. Um corajoso programa de auditório dedicado ao hip hop, levado ao ar ao vivo nos sábados à tarde sob o comando de Rap in Hood, que estreou em CD lá por 2000, cantando: "eu tenho o microfone/ é tudo no meu nome". Ter acesso ao microfone e falar em nome próprio: na plateia, meninos e meninas de pele escura, "bombeta e moleton", não se distinguem dos mesmos meninos e meninas que sobem para dar seu recado no palco. Enfim, alguém teve a ousadia de dar visibilidade à atividade musical dos jovens da periferia de São Paulo, acostumados a só existir na mídia quando algum dentre eles comete um crime.
Manos e Minas não precisa de argumentos de segurança pública para se justificar. Dar espaço ao rap na televisão é importante por si só. Mas a decisão de acabar com o programa nos faz refletir sobre o modo como a elite paulista concebe a inclusão simbólica da periferia na produção cultural da cidade: não concebe. Daí que a pobreza, aqui, seja um problema exclusivo de segurança pública.
A extinção de Manos e Minas lembra, não pelo conteúdo, mas pelo princípio operante, as desastradas políticas de "limpeza" da cracolândia. Quem mais, senão uma TV pública, poderia investir na visibilidade dos artistas da periferia?
Por Maria Rita Kehl - O Estado de S.Paulo

sábado, 7 de agosto de 2010

O SILÊNCIO FALOU MAIS ALTO.

Leitores(as) amigos(as).

A ato público realizado hoje, em memória à Camille e às outras vítimas de homofobia no país, conseguiu mobilizar a população que passava pela Rua 13 de Maio. Os tambores sinalizavam o luto em ritmo lento e as pessoas apressadas em fazer suas compras diminuiram seus passos para ler, ouvir, sentir o que estava se passando. As bandeiras dos partidos políticos apresentando seus candidatos, os megafones das lojas anunciando seus produtos, o barulho das buzinas, por um instante, desapareceram e aquele silêncio emocionou a todos. Finalizando o ato, fez-se uma roda em frente à Catedral e nomes de pessoas conhecidas que morreram nas mesmas condições trágicas de Camille foram citados. Na despedida, um abraço fraterno, indicando que as pessoas não perderam a capacidade de se indignar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

CONVOCATÓRIA DO GRUPO IDENTIDADE.

Prezados(as) amigos(as)
Envio-lhes a convocatória do Grupo Identidade para um ato público a ser realizado no dia 07 de agosto, às 10 horas, aqui em Campinas. Divulguem em suas listas.


A Coordenadoria de Travestis e Transexuais do Identidade - Grupo de Luta pela Diversidade Sexual, vem por intermédio desta convocar a todas e todos, para um ATO PÚBLICO neste próximo sábado, dia 07 de Agosto, que terá início em frente ao Prédio da Fepasa, "Estação Cultura", às 10:00 horas, seguirá pela rua 13 de maio, em um Ato Silencioso, tornando pública nossa dor e revolta pela morte de Camille Gerin, vítima de Homofobia e Sexismo.
Convidamos e sugerimos a todas e a todos que compuserem conosco este ATO que venham vestidos de preto, com guarda-chuva também preto. Aquel@s que quiserem trazer cartazes de indignação por conta da violência que a comunidade LGBT tem sofrido ou algum objeto e foto que lembre a Camille e tantas outras vítimas de homofobia, sintam-se a vontade!!
Atenciosamente,
Suzy Cristel
Coordenadoria de Travestis e Transexuais
Identidade - Grupo de Luta pela Diversidade Sexual