terça-feira, 19 de maio de 2009

PROJETO ESCOLA LIVRE.

O Jornal da Unesp publicou, em abril de 2009, o Suplemento 243 que apresenta uma reportagem sobre iniciativas promovidas por docentes da Unesp, cujo objetivo é buscar na arte uma forma de apoiar crianças e adolescentes que vivem em situação de risco. O destaque é para o projeto Escola Livre, da professora Sueli Aparecida Itman Monteiro, da Faculdade de Ciências e Letras (FCL), da Unesp de Araraquara.
Sob sua coordenação, um grupo de alunos de graduação e pós-graduação atua em duas escolas, uma na periferia da cidade e outra em São Carlos, organizando oficinas de: teatro, fantoches, música, dança e artes plásticas para jovens e crianças.

“ ‘A idéia é humanizar o combate à violência nessa população, sendo que a arte e qualquer tipo de manifestação cultural servem como um código de proteção aos valores humanos na sociedade’, afirma Sueli. ‘Sem as atividades, esses jovens estariam expostos aos riscos da violência e sendo recrutados pela criminalidade e a prostituição’. O grupo também dá dicas sobre orientação jurídica, pedagógica e sexual aos pais dos participantes do projeto”.

O projeto prevenção da gravidez - uma outra iniciativa da Escola Livre – “oferece aulas de balé clássico a meninas de comunidades de Bauru e Botucatu, onde é alto o índice de gravidez na adolescência. Segundo a responsável pelo projeto, a professora Ana Flora Zonta, da Faculdade de Ciências, câmpus de Bauru, a meta é fazer com que, por meio da dança, elas adquiram maior consciência corporal, com impacto nos comportamentos sexuais e na prevenção da gravidez precoce.
Orientadas por estudantes de graduação, cerca de 600 meninas já freqüentaram o curso. ‘É uma oportunidade de elas passarem a ver o mundo e suas próprias vidas de uma maneira diferente’, observa Ana. Entre os principais reflexos da atividade cultural na vida das adolescentes, ela aponta um maior cuidado com o corpo, envolvimento e disciplina na escola.
Em Bauru, num trabalho coordenado pelo artista plástico José dos Santos Laranjeira, professor da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac), alunos do Núcleo de Pesquisa no Ensino e Aprendizagem em Artes Visuais oferecem técnicas de entalhe em madeira para confecção dos instrumentos de percussão e malabarismo, além de ensinar exercícios acrobáticos para crianças e jovens de uma favela da cidade.
‘Exploramos o potencial artístico desses jovens para estimular a criatividade e observação, a sensibilidade estética e a reflexão intelectual’, observa Laranjeira. ‘É um projeto que possibilita o cumprimento da responsabilidade social, a intervenção direta numa realidade problemática, e estimula a auto-estima dos participantes’, acrescenta.

Resultados - Criada em 2003, a proposta coordenada por Sueli já beneficiou cerca de dois mil jovens. A partir de 2005, o projeto passou a atender adolescentes infratores do Programa de Liberdade Assistida, em São Carlos. ‘O objetivo é estabelecer diretrizes de ação na prevenção das práticas que levam à infração’, diz a docente. ‘A escola, da forma como está, não supre as demandas dos jovens, que passam a procurar as ruas’.

Com orgulho, ela informa que a ação de sua equipe já revelou talentos no campo da arte. ‘Vários seguiram a carreira artística, sendo que um deles até participou de uma exposição em São Paulo’, relata. Ana também enfatiza os frutos do esforço de seu grupo, ressaltando que, recentemente, quinze garotas participaram de uma apresentação de dança no teatro municipal de Botucatu.

Embora os jovens que integraram seu projeto não tenham se tornado artistas, Laranjeira ressalva que muitos seguiram atividades profissionais que utilizam habilidades manuais. O docente, porém, lamenta que o trabalho, que nasceu para prevenir a violência, esteja sendo derrotado por ela. Suas atividades foram recentemente interrompidas devido às ameaças feitas por criminosos da favela”.

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