sábado, 27 de dezembro de 2008

POESIAS

SENTIMENTO

Como se sente um sentimento?
(In)tenso, (in)constante.
Fala-se dele, decompondo-o
em pedaços.
Mas, ele não se deixa enredar.
Está fora de toda discursividade,
invisível, nas brechas.
Toda certeza arruinada.
O sentimento sente a si mesmo.
É preciso deixá-lo por sua conta e risco.
Não há começo, nem meio,
nem fim.
Ele simplesmente vem e
me ensina
o que é o amor.
(Áurea)
A CAMINHO DE CORUMBÁ
Me enrosco na trama
dessa paisagem.
É necessário se entregar,
se deixar tocar.
O balanço do trem
mexe com as minhas entranhas,
com as minhas memórias,
e descubro que estou viva.
Tudo é rude, simples
e percebo o quanto falta
não para chegar,
mas para aproveitar a travessia,
sugando e se transformando na trama.
(Áurea)
PARA AS PESSOAS DO MEU SONHO
Eu tive um sonho,
ele me falava
de coisas estranhas,
de pessoas perdidas em busca de um sonho.
Havia um vazio,
diferenças inexplicáveis,
mas estavam lá, sozinhos,
tentando a arte de ser guerreiro.
Eu também estava lá,
me convidaram para um banquete
e tive medo, pois a nossa loucura era a mesma:
sonhar um sonho perdido,
seduzir-se por ele
e não ser capaz de explicar.
A ceia termina,
o sonho continua.
Me separo deles,
cavando mais fundo uma ausência
que é mistério, mas
que mantem a vontade e a paixão
de ser guerreira.
(Áurea)

2 comentários:

  1. Oi, Áurea
    Quando escrevo um poema sempre leio e releio buscando o ponto certo, a medida certa da expressão do momento, "A Caminho de Corumbá" é perfeito nisso. "Sentimento" nos lança no incomensurável, vertiginosamente. E a solidariedade de "Para as Pessoas do Meu Sonho"... Muito boa essa comunicação. Abraços Edwiges

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  2. Gostei muito desse seu lado poético.
    Um abraço e ótimo 2009.

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