segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

UM POUCO DE POESIA

TEMPO SEM TEMPO
vê se encontra um tempo
pra me encontrar sem contratempo
por algum tempo
o tempo dá voltas e curvas
o tempo tem revoltas absurdas
ele é e não é ao mesmo tempo
avenida das flores
e a ferida das dores
e só então
de sopetão
entro e me adentro no tempo e no vento
e abarco e embarco no barco de Ísis e Osíris
sou como a flecha do arco do arco do arco-íris
que despedaça as flores mais coloridas em
mil fragmentos
que passa e de graça distribui amores de cristais
totais sexuais celestiais
das feridas das queridas despedidas
de quem sentiu todos os momentos.

Zé Miguel Wisnik e Jorge Mautner,
do CD "Pérolas aos poucos".

PÉROLAS AOS POUCOS
eu jogo pérolas aos poucos ao mar
eu quero ver as ondas se quebrar
eu jogo pérolas pro céu
pra quem pra você pra ninguém
que vão cair na lama de onde vêm

eu jogo ao fogo todo o meu sonhar
e o cego amor entrego ao deus dará
solto nas notas da canção
aberta a qualquer canção
aberta a qualquer coração
eu jogo pérolas ao céu e ao chão

grão de areia
o sol de desfaz na concha escura
lua cheia
o tempo se apura
maré cheia
a doença traz a dor e a cura
e semeia
grãos de resplendor
na loucura

[eu jogo ao fogo todo o meu sonhar
eu quero ver o fogo se queimar
e até no breu reconhecer
a flor que o acaso nos dá
eu jogo pérolas ao deus dará]

Zé Miguel Wisnik e Paulo Neves,
do CD "Pérolas aos poucos".

Um comentário:

  1. ... e assim vamos seguindo:
    mulheres românticas, esperançosas,
    abençoadas, incansáveis e
    insistentes, lançando pérolas
    pelo simples prazer de lançá-las,
    e quem sabe, Deus (um dia) dará.

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